Há momentos na vida...

...em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la. Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fa zê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

especiais e essenciais.


Fim de ano é o momento de começar a pensar como foi seu ano, o que teve de bom, o que teve de não tão bom. Esse ano eu termino o 3º ano do Ensino Médio e é o ano de despedidas. Assim meu professor de português entregou as nossas cartas, cartas as quais foram feitas no 1º ano. Choramos muito ao recebe-las. Hoje escrevemos cartas para serem entregues em 2021, daqui a 10 anos, quando queremos nos encontrar para contar como mudamos. Agora faz 1 semana que estou escrevendo essa carta e nela to contando um pouco do meu ano. Pessoas especiais. Momentos especiais. Acontecimentos essenciais.
A vida da voltas, e essas reviravoltas me fizemos conhecer muitas pessoas especiais. Pessoas daqui, pessoas de lá, pessoas amigas que me botaram pra cima, e que fizeram parte da minha história. Meus bailarinos, meus primeiros bailarinos coreografados e modificados. Mudei a vida deles a partir de uma aula de dança. Começaram a ver a vida de uma forma diferente. Enlouqueci um pouco eles, normal pra quem dança. Nas nossas aulas não tinha sentimento que fosse guardado, eram todos jogados fora com a nossa proposta de trabalho com a musica Set fire to the rain da Adele. Sentimentos jogados no palco e largados para a platéia rir ou chorar, como cada um entendesse a loucura que se tratava a coreografia. Modifiquei alunos e plateias que foram nos assistir. Muitos elogios e poucas críticas. As pessoas são feitas de críticas. Meus alunos me criticaram e me ensinaram a conviver e dar aula com eles. 
Fiz amigos que eu não vejo todos os dias. Amigos de outros cantos do mundo, do estado, da região. Tive novos amores. Tive novas experiencias profissionais. Tive novas oportunidades para viver mais. Viajei, muito e ao mesmo tempo tão pouco tempo. Muitos aprendizados. Esse ano foi o ano que eu aprendi muita coisa. 
Passei de ano, estou ansiosa pro vestibular. Depois desse ano atordoado de coisas novas, mais isso ainda. VESTIBULAR. uma palavra tão grande quanto a decisão a ser feita. 
Vou sentir muita falta de todos que conheci esse ano, ou que firmei amizades. São especiais pra mim. muito especiais. Quero saibam que de qualquer forma, ou onde eu estiver, eu amo vocês e vocês já fazem parte da minha vida.
Ano que vem, talvez não esteja mais aqui, ou não veja mais vocês com a mesma frequência.Mas quero que meu ano seja quase igual esse, mas sem dores, sofrimentos e tristeza. Dor, só se for de alongamento.

A dor que dói mais


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas. 
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros