Estava lendo sobre medos

Desde pequenos aprendemos a temer o medo e a confiar em criaturas celestiais imaginárias, invisíveis aos olhos. Depois esse medo nos persegue e nos atormenta, nos impede de optar por algumas mudanças pois ele é uma incerteza do desconhecido. Essa insegurança nos prende, nos limita, nos causa angústia, ansiedade, pois é cômodo quando estamos supostamente seguras dentro das nossas caixinhas que nosso círculo social construiu (família ideal, faculdade ideal, emprego ideal).
E vai um tapa na cara aí? Nada disso é real!
Não nos encontramos nesse mundo perfeito e não nos encaixamos em nada. Nunca vamos nos encaixar em nada. Nós mudamos demais para isso, nossa realidade é uma imensidão de fatos. Tentar encontrá-la é apenas nos limitar.
Será o fim da insegurança e do medo? As verdades sempre são ditas na nossa cara e a gente entende mas poucas vezes tranca o pé e faz algo. Não é o fim. Não é o começo. Não é recomeço. É nada. É a vida e o que a gente vê e faz com ela.
Eu me entrego às incertezas de que nada é definido na vida. Me entrego ao desconhecido porque ainda que me cause insegurança me liberta das minhas falsas certezas. Caminho no fluxo natural da vida e me permito construir algo novo, ou a reconstruir, o a sei lá o que eu to fazendo.

complementar o verbo amar e o mar

A areia toca o mar e o mar toca a areia. O sólido e o líquido se complementam nos fazendo perder qualquer estabilidade que encontramos em terra seca. A areia é levada e vamos perdendo nosso chão grão por grão.
A areia se deixa levar. Mesmo condesada, prensada, ela vai porque é da natureza dela ir com o mar.
A água controla, puxa e leva. Mas a água também é controlada pelo vento. O vento nos desestabiliza e deixa a água forte, forma ondas que puxam a areia. O vento toca o mar, a areia toca o mar e o mar toca a areia.
Mas o vento leva a areia solta, que também voa grão por grão com uma velocidade sensacional para outro lugar. O vento toca a areia, a areia toca o mar, o vento toca o mar e o mar toca a areia.
A areia molhada não é levada pelo vento. Ela é forte e sensível apenas ao mar.

Já fui vento, já fui mar, já fui areia seca, hoje sou areia molhada.
eu vou te esperar...
eu esperei tanto tempo...

esperei também que nunca acabasse
e...
foi tão rápido quanto começou.

foi intenso
foi insano
foi humano
foi carnal
foi sentimental
foi...

Saídas de Emergência


Passada uma semana do acontecido, lembro-me eu como se eu tivesse observando eu mesma sentada no ônibus com os pensamentos a mil. Lá estava eu voltando da faculdade, quando chamou minha atenção àquela luzinha vermelha escrita ‘saída de emergência’. Ela, aparentemente, é tão insignificante estando apenas ali. Porém em situações de risco ela é a coisa que mais buscamos na hora do desespero. Como uma pessoa que nunca sofreu nenhum acidente que necessitasse daqueles martelinhos ou até mesmo da luz de saída de emergência fico imaginando toda vez que sento em uma dessas janelas o que acontece na hora do desespero. Acho aqueles martelos tão bem presos, e fico pensando na força que a pessoa acaba tendo na hora para arrancá-lo da parede e usá-lo. Mas pensando melhor e mais afundo, a vida é um constante desespero que exige forças para encontrar as saídas de emergência.
Seguindo minha linha de raciocínio comparo a situação com um acontecimento rotineiro que me angustiava no momento: Um trabalho imenso de pesquisa. O tempo afunilava a situação e aumentava ainda mais meu desespero. A função de eu procurar urgentemente a melhor forma de terminar o trabalho logo, a responsabilidade de terminar a tempo de repassá-lo para as minhas colegas e a preocupação em me preparar bem para a apresentação que aconteceria na segunda-feira seguinte me privava de encontrar uma solução. Entrelaçando os assuntos, quantas pessoas acabam morrendo por não acharem uma saída de emergência a tempo de se salvar? O meu medo não era da morte, mas das notas baixas, da rotulação de irresponsável, ou até mesmo da vergonha de ter que pedir um prazo maior para a professora. Fim de semestre é a busca incessante de saída de emergência.
Poderia por milhões mais de situações que fazem buscar uma saída de emergência no cotidiano, mas acho que me fiz entender nesse exemplo, então posso seguir meu raciocínio mais afundo. A preocupação, a agonia, o medo fazem-nos morrer lentamente cada dia. A questão de querermos poupar discussões, esconder sentimentos, abafar o choro são coisas que nos matam. A luta contra nós mesmos nos mata aos poucos. Talvez essa minha explanação tenha alguma explicação pela psicologia, psiquiatria, neurociência e tudo mais que estuda o ser humano – quero conhecer mais afundo isso também -. Acredito que essa tenha alguma ligação plausível com doentes mentais, ou também com coisas parecidas com as que são consideradas loucuras.
Mas o mais interessante é como as outras pessoas encontram soluções para nossos problemas. Parecem problemas tão pequenos. Parece que todo mundo sofre com as mesmas coisas, se agoniza com as mesmas coisas e que todo mundo encontra a solução que tá na frente do teu nariz, mas que tu buscou tão além que não paro pra olha o detalhe que tava incomodando a visão ali, tão perto. “Se fosse um bicho me picava”. 
E o mais perturbador é que isso acontece em tudo, no amor, nos estudos, no ambiente familiar, no lazer, com os amigos. A vida parece ter um roteiro pronto. O elenco formado com as pessoas que é pra ti conhecer. Os episódios montados pra ti busca sempre, em todas as inúmeras situações, novas saídas de emergência. Nem sempre a solução está nos outros, as vezes encontra-se hospedada dentro de ti mesmo. Às vezes, presta atenção nos detalhes também é parte dessa constituição de nós como seres humanos. Às vezes a visualização daquela pequena luzinha de saída de emergência faz surgir questionamentos loucos com mais buscas sem solução, e também um texto sem conclusão alguma.
Só quero o nosso bem. O meu bem. O teu bem. O bem independente de nós, do ser e do não ser. Do ter... É melhor que seja agora, que a onda passe e a maré acalme. Agora que está tudo bem. Sem desentendidos. Tudo bem compreendido e aceitado. Só basta o sentimento se acomodar e voltar ao estado que já se encontrou todas as outras vezes. Porém agora mais leve. Conformado.
É chegada a hora do ciclo em que devemos nos ajeitar e reencaixar cada um em seu lugar da forma mais confortável possível. Hora de retornar pro casulo e retomar o estado de hibernação. Não olhar para trás. Fechar os olhos e procurar um novo mundo pra se abrigar e reconstituir a calma. 
Não é que seja necessário apagar tudo. As marcas nos ensinam onde pode ou não pisar. Onde afunda ou onde fica atolada. E assim a gente percebe o que vale a pena ou não, também. A vida é tão contraditória quanto a história que já obrigou-nos a parar de escrever e a continuar tantas vezes novamente. Uma hora a gente ganha na insistência ou perde a marra. Amarra. Amara.

Vinte e tantos

Vinte e tantos acertos.
Vinte e tantos erros.
Vinte e tantas experiências...

Acredito que não tem um período da vida até então que seja tão conturbado. Várias fases já necessitaram muita atenção até então. Atenção de pai e mãe, de vô e vó e até do irmão mais velho (ou não), mas agora chegou a nossa hora. A hora da gente prestar atenção em nós mesmos. 
Sabe aquela fase decisiva? É agora. Quem decidiu o curso logo dele estar preocupado com o que fazer depois da formatura. Quem ainda não decidiu o curso que quer se formar ainda tem isso pra se preocupar. É o momento que escolhemos o que queremos fazer para o resto da vida - ou por um bom tanto dela -. 
Quem namora tá preocupado com o que vai ser do namoro, se vai dar casamento, se vão ter filhos, etc. Quem não namora tá apavorado diante da situação que está chegando nos trinta e nem se quer escolheu a pessoa que quer viver para o resto da vida ao lado ao mesmo tempo que todos seus antigos amigos já estão namorando/casados e alguns até com filhos. 
Principalmente é a fase de questionamentos. Os vinte e tantos são aquele momento que tudo dá errado e a bendita hora que algo da certo logo tem algo ruim pra acabar com a felicidade momentânea. É como se tivesse muito tempo e vontade pra tomar banho de chuva e na hora que chovesse e se molhasse reclamaria que a chuva é gelada demais. A gente nunca tem certeza do que quer.
Seus amigos já mudaram e tu já não tem mais o mesmo pique pra festas de todos os finais de semana. O que tu acaba preferindo é apenas um jantar, pessoas legais e boas risadas. Tu sente que é a hora para realizar todas tuas vontades mas as vezes nem tempo sobra pra isso... é trabalho, faculdade e se não tem aula, nem expediente tem muiiiito trabalho atrasado pra terminar. As vezes é mais confortável sentar em um lugar calmo, apreciar a paisagem e viajar em pensamento mesmo.
Tu percebe que chegou nos vinte e tantos quando a afobação e a confusão tomam conta do teu ser e mesmo respirando dez milhões de vezes fundo tua mente não acalma. Tua maior vontade é sentar e chorar como se isso fosse resolver algo. E além de não resolver ainda sobra a maquiagem borrada pra te dar mais trabalho ainda pra limpar. Percebe que se não começar a malhar e a se exercitar agora depois tudo só tem a piorar.
Mas também é nessa fase que todos teus questionamentos de vida começam a ser respondidos. Tu sabe exatamente como tu é, tua personalidade. Entende que ficar parada não da dinheiro e sem dinheiro restam pouquíssimas coisas para se fazer. Porém entende também que se se tem dinheiro geralmente não tem tempo.
E quando pensa que vai acabar, ou passar essa fase o desespero aumenta, pois se aos vinte e tantos tu já não conseguiu muita coisa, aos trinta vai conseguir muito menos, pois tá a hora se já ter saído da casa dos pais, de constituir família, de estar casado ou preparando o casamento, planejando os filhos e não de estar aceitando a situação parada. 
Vinte e tantas inquietações...

sobre mulheres da sociedade XXI

Poderia chamar esse texto de expectativa x realidade, mas não acho que vem a calhar quando se trata de falar de mulheres. Grande parte das situações que acontecem na vida são baseadas em expectativas, mas a consequência disso geralmente (nem sempre) são pessoas frustradas com a vida. Uma desilusão amorosa ou um suco ruim, seja qual for a situação. O ser humano tem o dom da imaginação. A sociedade também é baseada nesses (pré)conceitos. Na minha visão o preconceito é uma expectativa.
Seja qual for sua expectativa, sabe qual a realidade? As mulheres não são iguais. E com isso não estou dizendo que os homens são. Acredito que enquanto ser humanos ninguém é igual e nem uma pessoa pode ser comparada a qualquer outra. Vou trazer à tona uma situação bem fácil de visualizar: Imagine duas mulheres. Uma que usa sapatilha e uma que usa salto. Pronto. Analisando essa imagem podemos ver dois elementos derivados de um mesmo gênero, mas com gostos ou preferências diferentes. Isso não quer dizer que a mulher que usa sapatilha não possa ser uma advogada, ou uma empresária e que a outra não possa ser uma vendedora. O que envolve as suas respectivas escolhas são sua bagagem cultural. Tudo o que constitui ela enquanto pessoa.
Mas o que a sociedade delimitou desde o princípio é o contrário, não é? Não falam apenas sobre modo de vestir. Questiono mesmo o modo de ser. Qual o motivo de hoje haver tantos (pré)conceitos já estipulados e obedecidos? Falam em mulher independente. Falam em mulher que beba parelho com homem, que abra a porta do carro, que assuma suas contas. Porém quando a situação é essa os comentários se restringem a: “nossa! Olhem aquela mulher, nem parece mulher! Que coisa mais horrível!”. Isso quando não chamam de lésbica ou travesti nas entrelinhas. Jamais perguntam: “O que se passa na cabeça dela?”.
Identidade, nem sempre é pagar suas próprias contas. Mas sabe o que é? É clichê ao ponto de dizer ser você mesmo, pensar do jeito que você quer e nem sempre obedecer as influências sociais. As pessoas não se importam com elas mesmas. Elas esperam um comportamento idealizado. Só se livra disso quem consegue abrir a mente. E não digo que pra isso tem que pensar igual a mim. Identidade é tudo o que a sua vida lhe levou a ser, a se tornar. É a sua bagagem cultural.
Depois disso então digo. Mulheres! Sejam quem vocês são. Se vocês são do tipo que se acerta fazendo todo o serviço doméstico e trabalhando fora, ainda mãe e esposa, sejam essa. Se vocês são do tipo que trabalham fora e não gostam de serviço doméstico nem crianças nem marido, contratem algum empregado. Se quer ser mãe, azar, seja. Se quer ser esposa, seja. Se quer ser estudante, seja. Não se importem em o que os homens pensem de vocês. Ou se é que você quer ter um par que você precise de um qualquer.
No caso de querer um amante (namorado(a), marido(esposa) ou amante mesmo). Pense antes em vocês mesmas. Não precisam fazer mudanças drásticas para serem aceitas por alguém. As mudanças acontecem naturalmente em um relacionamento. Uma hora vai aparecer o trabalho adequado, o par adequado, ou até a vida solitária e viajante adequada. Ninguém é igual. E essas são as mulheres XXI. Mulheres em constante mudança. Mulheres nuas, mulheres cruas.
p.s.: não precisando se limitar apenas a mulheres.
É meio doloroso retomar a pensar nisso depois de tanto tempo. Mas sabe aquela música que mesmo que eu não tenha escutado contigo ou que não conte nossa história lembra todos os nossos momentos? Pois é...  
Percebo que a dor realmente aparece quanto teu nome entra na história. Se tu me fez tão mal porque eu te quero cada vez mais e mais perto de mim? Não foi comodidade, pois isso a gente nunca teve. Um relacionamento respeitoso sempre foi apesar da abertura dada em função da nossa amizade. Sei que é difícil de lidar com meu extremo sentimentalismo, mas tu me entendia muito bem. Se isso não foi - ou é - amor, desconheço esse indivíduo. Percebo que foi tu exatamente quando tento me permitir a seguir adiante e volta tudo a lembrança e eu travo no tempo de novo. A vida parece ter um vazio. Não sei se me faço entender. Eu sei que tu me entende e sabe do que eu falo. Acho que é o mesmo que tu sente em relação a outra pessoa e por isso deixa claro que acima de qualquer coisa que aconteça é puro passatempo e que isso jamais se tornará uma coisa séria. Te entendo nos momentos que por mais que tu simpatizasse comigo tu não conseguia me devolver todo o sentimento que eu te dava. 
Dizem que é amor quando até os defeitos se tornam nulos. Quando todos os erros e as traições são perdoadas sem pensar duas vezes. Quando o meu valor não é nada perto do meu sentimento. E quando eu me relaciono com outra pessoa e não consigo produzir sentimento algum além de apenas apreço, pode ser considerado amor também? Acho que eu sofro dessa doença. Será que é contagiosa? Queria que tu te contagiasse também...
Eu queria acreditar que aquelas voltas do mundo que a gente conversava aconteceriam um dia desses. Quem sabe nem agora, mas quando estivermos com a vida feita e quem sabe em outro lugar do mundo. A primeira é tolerável, a segunda é suspeita, agora a terceira... Tu mesmo dizia isso. 
É estranho hoje abrir tua conversa e ver em branco, sem nada. Depois de ter acontecido tanta coisa... nada. Será que foi isso que restou? Será que o final feliz era esse? São tantas perguntas que eu tenho pra te fazer e eu nem consigo escrever um "oi". Não tem explicação. 
Vou aproveitar esse mero texto pra te dizer algumas coisas. Não sei quanto tempo isso vai durar ainda, mas tá bem complicado continuar vivendo assim. Nem que fosse um sinal de fumaça poderia ajudar já. Fazem 4 meses, e o que eu acredito que ainda tá em tempo hábil pra tu cair no esquecimento como tantos outros que quase se igualaram a esse sentimento na minha vida. O tempo faz bem pra alma e pro coração quase todas as vezes. Quero que tu fique bem e principalmente eu fique bem. 

devaneios de uma canceriana

Sento. Pego meu caderno. E mais uma vez leio todos meus relatos. Relatos de momentos de reflexão. Reflito a vida, os amores, o passado e o futuro incerto. Incerteza é o que eu mais encontro por aqui. A cada relida dada nesses textos dramáticos são algumas manchas a mais nas letras que foram trabalhadas e caprichadas um dia. Um dia que já passou. Um passado que continua vivo e relatado. Minha vida até muda, meus desejos mudam, objetivos... mas a razão das minhas tristezas é sempre da mesma fonte. As dores na mão de segurar a caneta firme são a única coisa que passa, mas sempre acaba voltando igual a razão de eu escrever.
Meus mates cada vez mais tardios... Minha coleção de livros não lidos só aumenta. Exatamente como a minha coleção de lágrimas sem motivo. Eu sou uma confusão. Eu não me entendo. Como vou querer que alguém entenda ou conviva com isso? Inúmeras letras, incontáveis diálogos comigo mesma. Muitas vezes inacabados ou acabados de supetão. Eu sou de muitas faces. As vezes muitas o suficiente para confundir eu mesma. Minhas mil faces, meus mil desejos... todos misturados. Me deixam louca. Uma louca boba, uma louca boa, uma loba, uma leoa ou até mesmo um caranguejo.

mais uma de amor

Muitos feitos, muitos escritos, excesso de sentimentos. Pra um coração tranquilo, cheio de amor, encontrar alguém não é tão fácil. A gente se engana, sofre, chora. Por que dói o desamor. Esquecimento não é uma tarefa fácil, mas não deixa de ser possível de ser concluída. "Confusão" é a única palavra que define a sensação de amar. 
E será que isso é amor? Eu não sei, mas é forte, deixa saudade, e sente falta de um abraço. Dá carência. Faz mil planos - talvez impossíveis -. E sente, sente até mais do que deveria sentir.
"No fundo alguma coisa me diz que vai dar tudo certo. Que os caminhos são tortos, mas a chegada é certa. Que há coisas bonitas esperando lá na frente se a gente acredita. E eu ACREDITO." Acredito que nossos planos incertos possam se concretizar.