Um minuto de silêncio

Enquanto tudo me remete a tragédia acontecida na cidade que atualmente resido e estudo, abri um vídeo chamado "Um minuto de silêncio" pensando que também teria a ver. Quando vi na legenda o nome Marina Abramovic vi que não se tratava do que eu pensei, mas abri o mesmo e olhei. Uma vez quando estava sozinha em casa eu assisti uma reportagem que falava dessa artista. Em uma citação dela lembro-me bem de uma frase de Marina Abramovic "entre os limites do corpo e as possibilidades da mente", era o que ela transmitia ao seu público em suas obras que eram performances. Voltando ao vídeo que vi, achei no mínimo emocionante a história que ele retratou sendo que foi em questão de apenas 1 minuto.  Das palavras retratadas por Maeve Jinkings apresento a vocês o vídeo.
"nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando performances. Quando sentiram que a relação já não valia, decidiram percorrer a Grande Muralha da China, dar um último grande abraço e nunca mais se ver. 23 anos depois o MoMa de Ny dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nela, Marina compartilhava 1 minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem ela saber, e foi assim."
Como vocês puderam ver Marina retratou o corpo, e como as pessoas lidam com a situação de estarem diante do corpo do outro. Também procurou as inúmeras possibilidades de imaginação, do que a mente proporciona a cada indivíduo e o que ele se possibilita imaginar. Qual é o limite do teu corpo? O que tu permite a tua mente?
A autora dessas obras pode simbolizar seu ultimo abraço com Ulay em sua performance, onde as pessoas se permitiam sentar a frente dela e ficar  em silêncio por 1 minuto. Qual são as reações? observação, curiosidade... o que cada um se permitiu no momento? Ao ver Ulay sentado a sua frente Marina deixa que seus olhos encham de lágrimas, permite sua mente a viajar naquele um minuto, ninguém sabe o que se passou na cabeça dela. Ela trabalhou com seus próprios limites.
Daí vocês podem me perguntar, e o que tem a ver com teu primeiro comentário? Então... digamos que precisamos nos permitir. Se tive vários ensinamentos, um deles foi não bloquear minhas possibilidades. Se acontecer algo e eu estiver braba de chorar, eu choro. Se eu relembrar do fato e me trazer a tona o sentimento, chorarei também. Quando eu lembrar das minhas amigas e amigos que morreram lá naquela boate e me permitir imaginar a forma que eles morreram, o que eles sentiram e o que passou na cabeça deles, vou chorar da mesma forma que vou chorar da emoção de lembrar cada sorriso e cada momento bom que eles com certeza me proporcionaram. Não me deixarei bloquear jamais. Minha lágrima agora é a minha liberdade.

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