volta?

que diga que sente saudade de mim, que eu realmente faço falta. que diga "eu te amo" mesmo sem querer que eu repita o mesmo. que queira me ver nem que seja pra ouvir um "oi" ou receber um abraço apertado. na realidade... eu queria... eu queria que você sentisse isso. não é qualquer um. apenas tu. é! tu mesmo... tu que me manda sms todo dia mas eu não sei o que tu quer de mim. tu que sai e não me da tchau.. como também chega e nem me da oi. tu que quer que eu puxe assunto pra gente ter o que conversar, mas tudo o que eu queria dizer é... que eu sinto muito a tua falta, a falta do teu abraço, do teu cheiro, do teu sorriso. tu, que naquele "amigos?" destruiu minha fantasia. a gente combinava tanto... e... apenas terminou. "vou escutar a sua canção tocar mesmo sabendo que não vai voltar".

entardeça dia de frio, vá embora...

o entardecer invernal é solitário...
ouço o rugido dos carros passando em ruas distantes... ouço a música do vizinho.
vejo pessoas fechando as janelas para fugir do frio e dos pernilongos, as luzes acendendo.
as pessoas voltam para suas casa finalizando o final de semana... abre a porta, fecha a porta.
porque assim inverno?
no verão as pessoas começariam a sair de suas casas essa hora. iriam aproveitar o calor. tomar uma cerveja, um refri, um suco. as janelas estariam completamente abertas, os ventiladores ligados. o banho ficaria para mais tarde... o céu seria mais estrelado, as cigarras cantariam noite e dia. as crianças brincariam. 

o chimarrão que hoje aquece, seria apenas por conta da rotina... as roupas seriam curtas.
os amores.... ah, os amores... esses sim pede que o inverno se achegue. imploram o frio, o filme e a pipoca. querem uma noite abraçadinhos... o frio parece mais romântico.
o calor... mais... nojento!

o frio aconchegante...
bom... as vezes bom demais.

dosadamente

acredito que tudo na vida vem na dose certa. sonhos o suficiente para acreditar. amores o suficiente para serem vividos profundamente. amizades para trazerem aquela dose certa de felicidade, graça e bem estar. musicas o suficiente pra alegrar um dia, ou até pra te ajudar a chorar quando precisas. base, a base ideal pra nos ensinar a viver e conviver. erros o suficiente pra nos ensinar a persistir. lágrimas o suficiente para nos mostrar quanto vale um sorriso. dança, músicas, teatro... artes suficientes para nos tirar da mesmice. perdas o suficiente para sermos fortes. palavras, incentivos o suficiente pra dizer que tu estás errado ou que irá conseguir. ombros amigos, sonhos perdidos, amores encontrados, decepções vividas, erros e acertos. uma vida dosada, equilibrada, que nos liberta aquele verdadeiro e sincero EU.

Captado e fixado

Cheguei no estúdio, larguei minha bolsa e sentei a espera da minha cliente. Quando olhei pra tela do meu computador vi uma mensagem nova no meu e-mail. "Gostaria de fechar aquele pacote para Sophia, ainda tem o mesmo horário vago?" Mera coincidência de nomes talvez. Respondi confirmando. Apesar de achar um tanto curioso esse homem aparecer na minha vida dessa forma e me marcar por causa desse nome e de uma história que eu nem sei qual é, acabei nem pensando muito no assunto e achei que fosse o acaso mesmo. Minha cliente chegou, saímos para o lugar que ela desejava suas fotos e após o trabalho finalizado voltamos ao estúdio e fechamos a data para o ensaio. Pronto, agora realmente livre para pensar e procurar essas pessoas um tanto desconhecidas e curiosas. Mal esperava para que chegasse logo o "amanhã", aquela mesma hora e que a minha dúvida acabasse, ou talvez me perturbasse ainda mais por alguns outros motivos. Quando eu me preparava para fechar o estúdio pensei em levar a câmera, não sei porque, mas decidi obedecer minha intuição. Ao voltar pra casa passei no parque novamente, sentei e fiquei a observar tudo o que acontecia ao meu redor - como naquele dia que conheci Oscar-. Havia crianças empinando pipa, jovens de bicicleta, pessoas fazendo suas caminhadas do final de tarde e idosos sentados conversando. Havia também eu, sentada naquele banco que caberia no mínimo mais duas pessoas junto a mim, minha bolsa largada sobre minhas pernas e minha câmera aconchegada em cima. Comecei a fitar essas cenas como se fossem fotos captadas. Saí completamente do meu mundo, na realidade, fui para o meu mundo. Fiquei tão desligada que não percebi que uma criança sentou do meu lado e e ficou me olhando. "Oi tia, está tudo bem?" Mexi a cabeça acordando e olhei para aquela menina. Tinha cabelos claros e dourados, um olho bem azul e sorriso marcante. "Tudo bem sim -sorri- Porque você não vai brincar?" "To sem vontade, tia" Ficamos as duas olhando para o resto do parque sem ação, palavras ou assunto. "Tia, o que é isso? Tu é fotógrafa?-disse ela apontando para minha câmera-" "Sim." Eu me encontrava tão desligada que não percebi que ela queria mesmo era pegar o "novo brinquedo" e ver como funcionava. Ela passou a mão cuidadosamente sobre o obturador e fitou uma cena dizendo "Ficaria uma boa foto, né?!". Falei pra ela ir lá. Saiu correndo e parou posando para uma foto. Tirei essa foto dela e ela voltou correndo mais rápido que antes. "Deixa eu ver! -olhou a foto- Não sou muito fotogênica né, tia..." "Claro que é, tá linda, olha!" Olhou de novo pra câmera e fez sinal de não com a cabeça. "Tia... meu sonho é ser fotógrafa.. não gosto de ser modelo." Nisso chega uma voz masculina conhecida chamando por Sophia. A menina olha e depois dela, eu. Pensei em quem seria o dono dessa voz que me era tão familiar. Nem me passou na cabeça que o nome da menina era Sophia. Olhei para ele, ali estava Oscar com Sophia em seus braços olhando surpreso pra mim.

bilhete indecifrável

Olhei para a mesa vazia e para fora da janela. Aquele moço parecia perturbado. Parecia saudade. É como se ele tivesse recebido aquela mensagem da moça que ele ainda ama, e que um dia namorou, mas que hoje são apenas amigos. É como se ele gostasse de ver que ela lembrou dele, mas ao mesmo tempo ele tivesse muita saudade do seu passado ao lado dela. Delicadamente sentei-me naquela mesa que só existiam resquícios de guardanapos, pratos sujos e uma xícara. Entre os guardanapos tinha uma caneta. Fui pegar a caneta e me deparei com um bilhete. "Jamais te esquecerei, Sophia.". Quis saber quem era Sophia. Quem sabe fosse a responsável por aquela lágrima, e pela mensagem. Ergui a cabeça, e vi o mesmo moço na porta me olhando paralisado. Veio na minha direção. Desculpa -disse ele- Tu não tens nenhuma culpa do que aconteceu, não deveria ter saído sem dizer nada, mas pelo jeito já descobriu a razão de eu não parecer bem. Eu falei: Sophia? Ele respirou fundo, sentou-se ali comigo. "É, Sophia... Fiquei sem reação ao te ver por que me lembra muito ela. Não a aparecia, mas teu jeito atencioso de ter vindo me pedir o que acontecera". Foram essas as palavras que bastaram. Me contou que já me observava antes mesmo de receber a mensagem, e que meu modo de tratar as pessoas, de falar e de agir, o chamou atenção. Não quis pedir quem era Sophia, acho que ele não queria falar disso no momento, e como percebi que lhe fazia um pouco mal o assunto, deixei que ele mesmo viesse talvez a me contar quem fora ela. "Aceita um café?" pediu ele. Recusei. Ele ofereceu então uma caminhada no parque. Paguei então minha conta, e saímos da lanchonete. Gosto de passeios no parque, me fazem muito bem. Gosto de caminhar, pode até ser sozinha, e no momento pensei que nos fizesse bem a companhia um do outro. "Desculpa, mas como te chamas?" "Angelina..." "Me chamo Oscar, prazer." Rimos. Caminhando sem assunto, ele disse "que dia lindo está hoje, não?!" Concordei e falei que adoro dias ensolarados, me sinto mais disposta. E também confessei que amava passeios no parque. Conversamos um tempo, mas logo me der por conta que tinha compromisso e precisava ir. Olhei no relógio, tinha mais 15 minutos. "Parece preocupada, tens compromisso Angelina?" "Tenho... e preciso partir.. Mas foi um prazer conhecê-lo, até mais ver." "Poderíamos marcar um piquenique no final de semana o que acha? Gostaria de conversar mais contigo..." Ele me deixou completamente sem reação, não consegui perceber o que ele buscava em mim, se era a sua Sophia, ou uma nova amizade. "Claro." "Amanhã na mesma hora e lugar, um café pra conversarmos um pouco mais e combinar, pode ser?" "Ok!". Saí cabisbaixa, com um pouco de vergonha.. Olhei para trás, e vi ele ainda me mirando de longe. 

dor que dói mais

dá aquele aperto no peito,
aquela ardência no nariz 
e cai aquela lágrima... 
chorar por causa de pessoas que fazem falta. 
as vezes por estar longe,
ou até mesmo perto.

Saudade é falta.
falta de presença,

falta de amor e carinho,
falta de uma conversa,
um abraço,
um oi.


essa falta um dia passa.
pode passar pelo esquecimento,
mas também pode passar por ser uma carência suprida.

romance à moda antiga parte II

Sophia permaneceu a noite na janela. Observou as estrelas, a lua e voltou seu olhar para baixo. Se imaginava como num conto de fadas, onde seu príncipe chegava e serenateava em sua janela. Fechou os olhos e os abriu novamente. Infelizmente era tudo fruto da sua imaginação. Virou-se com seu corpo voltado para o quarto que parecia gigantesco, e olhou para sua escrivaninha onde se encontravam seus cadernos de poemas abertos e suas canetas jogadas em volta de uma xícara de chá. Foi até a mesinha. Sentou-se. Leu o poema. Caiu uma lágrima e ela fechou o caderno como se quisesse esquecer do que ali estava escrito. Ela ficava triste quando pensava que o homem que ela idealizava jamais existiria, ou não seria tão romântico quando ela queria que fosse. Ela é tímida, só consegue se abrir e desabafar com aquelas folhas jogadas sobre a mesa. Gosta muito de ler romances e seu passatempo preferido é fazer alguns recortes de jornal. Ela também escrevia histórias. Sua personagem preferida era Rosa Flor. Dona Flor sempre aparecia como personagem principal. Suas histórias eram guardadas a 7 chaves dentro de uma caixinha trancada, não mostrava pra ninguém.

Pra lembrar de ti


Pra lembrar de ti
Cevo outro mate de silencio e solidão
Para um coração que já faz tempo que anda vazio
Refaço os planos pro inverno que se achega
Não quero ver o meu amor morrer de frio.

- Jairo Lambari
eu sempre te amei.
pensei que tinha te esquecido, ou que meu sentimento tivesse mudado, mas não.
quando tu voltaste a falar comigo senti aquele mesmo frio na barriga.
aquela sensação de agrado, carência, afeto... saudade.
te sinto aqui do meu lado.
me querendo.
me amando.
se voltasse no tempo, mudaria tudo.
mas o tempo não volta.
a vida passa.
e eu não quero mais.

ultimo café

Permaneci ali. Sentada. Tomei o ultimo gole do café e olhei para o lado. Aquele moço parecia triste. Algo me incomodava naquele olhar. Não fazia ideia do que se passava naquela cabeça quando caiu aquela lágrima repentinamente. Ele me olhou e eu disfarcei. Não pretendia que ele percebesse que eu observava-o. O celular tocou. Uma mensagem. De quem seria? Ele sorriu meio tímido, e logo deixou que aquela face triste voltasse. Sutilmente olhei nos olhos dele, e esperei ele olhar nos meus. Perguntei se estava tudo bem e ele me perguntou o motivo de eu, uma total estranha, perguntar isso a ele. Falei que se os conhecidos não são capazes de perceber quando uma pessoa tão próxima está estranha ou parece triste, eu ao menos iria oferecer o meu braço amigo -desconhecido-. Não acho que um ser humano mereça estando mal ser deixado de lado. Não gostaria que fizessem isso comigo. Ele pede a conta, levanta, e sai, me deixando ali de pé ao lado da mesa, olhando para o assento vazio.

romance à moda antiga parte I

Sophia não nasceu no século passado, mas gosta de receber flores, cartas, lê literatura antiga. Se apaixona por homens carinhosos, e cavalheiros. Uma serenata a leva a loucura. Espera que a convidem para um café... um chá, talvez. Gosta de dias de chuva. E até de dias de sol para passear no parque. Ela tem um diário, que relata tudo o que pensa sobre as pessoas, o mundo, e também conta sobre seu dia-a-dia. Em cada página escreve poemas, ou pequenos versos que ela mesma compõe. Tudo o que ela deseja em um homem, ainda não encontrou. -Se é que um dia encontrará-. Hoje em dia ela se conforma com a realidade e com as pessoas que estão a sua volta. Sua carência não foi suprida ainda.

até

até amanhã.
até mais tarde.
até daqui a pouco.
até logo.
até depois de amanhã.
até ano que vem.
até nunca mais.
queria ser um palhaço,
pena que não posso ser.
poderia fazer todos sorrir,
e principalmente você.

queria ser bailarina,
mas bailarina não posso ser.
poderia dar piruetas e ver tudo girar,
e depois voar num grand jete.

queria ser cantora,
e isso não posso ser.
tu poderias ser do meu fã clube,
e muita fama eu poderia ter.

queria ser poeta,
e poeta não posso ser.
poderia escrever coisas bonitas,
e muitos poemas pra você.

queria ser uma super heroína,
mas não serei.
poderia salvar muita gente,
e te salvar não vou poder.

dose certa

dizem que faltam atitudes, que de palavra já bastam. apesar de certo modo terem razão, eu discordo. acho que tudo deve ser equilibrado. é claro que é imprescindível a atitude, mas de nada adianta atitude sem um bom palavreado. tudo precisa de uma dosagem certa.